Anuário da Educação Básica retorna com a missão de jogar luz no debate e nos desafios pós-pandemia
Três anos após a última edição, o Anuário Brasileiro da Educação Básica volta a ser publicado. Muita coisa aconteceu desde então na Educação brasileira, mas o fato mais marcante é, sem dúvida, o impacto que a pandemia de Covid-19 teve na trajetória escolar de crianças e adolescentes.
Se, na última edição do Anuário, em 2021, ainda não era possível dimensionar as consequências da pandemia para os estudantes, hoje, temos disponíveis números detalhados sobre aprendizagem e fluxo nesse período, já a partir dos resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2021 e 2023.
É um retrato que vai além das histórias individuais que testemunhamos naquele período, de professores que coletavam celulares e tablets antigos destinados à doação para alunos mais vulneráveis poderem obter o material das aulas remotas a diretores fazendo busca ativa nas ruas, convencendo crianças e adolescentes a voltar para a escola. Hoje, com acesso detalhado aos dados consolidados do Ideb, temos condições de reconhecer aqueles estados e municípios que tiveram uma gestão educacional direcionada para recompor o aprendizado, tornando a política de recuperação ao longo do ano mais efetiva, planejando e aplicando políticas públicas que devem ser estudadas e replicadas por outras redes.
Como já era previsto, o Anuário mostra um cenário geral de retomada aos níveis de 2019. No entanto, o maior responsável por essa recuperação é o aumento dos indicadores de fluxo, e não dos de aprendizagem, que caíram tanto nos Anos Iniciais como nos Anos Finais do Ensino Fundamental, assim como no Ensino Médio. Isso pode ter muitas interpretações, e o papel do Anuário é levar essas análises ao nível do detalhe.
Acreditamos que gestores, educadores, pesquisadores e jornalistas possam contar com um material rico em números e análises, como esta publicação, para que o debate sobre a Educação brasileira seja analisado em seus detalhes, suas particularidades e seus enormes desafios. É necessário que se jogue luz sobre o que não funcionou e que os governos, Assembleias e Câmaras Municipais apresentem planos de ação consistentes – com a decisiva colaboração do Ministério da Educação, a quem cabe assegurar a melhoria da qualidade educacional, com menos desigualdades regionais e entre alunos.
Nesta 11ª edição do Anuário Brasileiro da Educação Básica, mantemos a decisão de retratar a Educação brasileira a partir do recorte da rede pública, por entendermos que é o lugar em que o monitoramento dos dados e a aplicação de políticas educacionais têm o maior impacto. Também é a Educação Pública que precisa avançar para reduzir as graves desigualdades de nossa sociedade. Para fins de organização, dividimos a publicação com base nas temáticas prioritárias para o avanço da Educação Básica, inspirados pelo que foi definido na iniciativa “Educação Já”. Dessa maneira, conseguimos não só abranger as etapas escolares, mas, também, analisar outros fatores que atravessam a Educação brasileira, como a formação dos professores, a gestão escolar democrática, a infraestrutura, a inclusão, as novas tecnologias adotadas em sala de aula, a igualdade étnico-racial, entre outros temas.
Acompanhando os dados educacionais, cada capítulo do Anuário apresenta uma análise de especialistas sobre o tema abordado. Agradecemos ao grupo de especialistas, em diversas áreas, que dedicaram seu tempo e seu conhecimento para debruçar-se sobre esses dados e traduzi-los criticamente aos nossos leitores. Celebramos o retorno da publicação, com a convicção de que mais transparência e mais informação são fundamentais para levar a Educação brasileira ao patamar de qualidade que todos nós sonhamos.
Priscila Cruz Presidente-executiva do Todos Pela Educação
Luciano Monteiro Diretor Global de Comunicação e Sustentabilidade da Santillana